segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A Mãe

Fria,com o sangue quente à flor da pele; forte, destemida,obstinada e com raça. Uma mulher e mãe amargurada, ressequida e empedernida pelas agruras de uma vida dura.Mulher briosa que ama a terra, símbolo de fertilidade e continuidade, mas que, no entanto, vai mastigando sentimentos que a corróem e a possuem por inteiro. A sua fragilidade e dôr são abafadas por um "manto" de autoritarismo, de raiva e revolta sempre latentes. Leva uma vida de solidão, isolando-se do mundo que corre fora das suas quatro paredes.
Uma mulher que pressente a morte como uma fatalidade da qual não se pode fugir. A morte, não como facto natural, mas algo que resulta de causas violentas, como são as paixões impetuosas, os ódios e as vinganças que destroem o Homem na sua plenitude. Contudo, esta mulher, esta mãe vai mais longe e podemos ver nela um sentido mais abrangente, uma vez que Garcia Lorca faz dela o eco da voz de todas as mães a quem o amor, a guerra ou a política lhes ceifa a vida de seus filhos e maridos.
Alguém disse um dia que "o Teatro é a festa dos sentidos". "Bodas de Sangue" é definitivamente uma peça que os faz despertar em cada um de nós e provoca arrepio da tão actual e eterna questão que é o desafiar a ordem das coisas, quebrar tabus, saltar a cerca!
Um privilégio ter-me sido dada a oportunidade de embarcar nesta viagem de sonho pelo mundo Lorquiano.Um grande bem haja a toda a tripulação e por acreditarem!
Isabel Moreira

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